Ontem mesmo, no grupo de Nutrição dos Transtornos Alimentares do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, aonde trabalho e participo de pesquisa optamos por falar sobre aquele que parece tão nojento mas ao mesmo tempo é um método tão utilizado pelos pacientes com transtornos alimentares: O VÔMITO. O vômito costuma ser utilizado pelos pacientes objetivando a perda de peso ou o que eles consideram "emagrecer". Para tal, é comum que pacientes com bulimia e mesmo com anorexia do tipo purgativa, costumem induzir o vômito com o dedo, escovas de dente, cabos de escovas de cabelo, enfim, tudo aquilo que possa ir até suas gargantas e fazer aquele alimento consumido em excesso (seja num episódio de compulsão, seja para os padrões alimentares da anorexia), sair! Mas o que será que sai pelo vômito? Será que é realmente possível emagrecer vomitando? Hoje em dia se sabe que não! Nem 5% das calorias dos alimentos consumidos são perdidas pelo vômito, muito mais que alimentos, vomitamos ácido clorídrico, bile, e perdemos muita água.
O que costumo colocar, é que muito mais que os "benefícios" que o vômito possa trazer, tem os malefícíos. Estes pacientes de transtornos alimentares costumam machucar as mãos, a garganta, ter dores fortes como azia além de prejudicarem de diversas outras formas o seu corpo como um todo. A diminuição do peso na balança atribuída normalmente ao emagrecimento promovido pelo vômito é na verdade, somente um reflexo da perda de água e possível (consequente) desidratação do corpo.
Aquele peso "perdido" é facilmente reconsquistado, quando com sede, o paciente rehidrata-se. Vomitar não emagrece, é somente uma forma de colocar para fora coisas que não estão bem dentro da gente. O que coloquei para os pacientes, é que eles buscassem junto às suas terapeutas (individuais ou familiares), uma outra forma de extravasar o que não tava bem, conversando, discutindo, podendo impor-se (cada caso com suas particulariedades) mas não se auto-agredindo induzindo o vômito!