23 de agosto de 2010

DA DESNUTRIÇÃO À OBESIDADE: evolução dos tempos?

     Há quem diga que com a evolução e mudança dos tempos a sociedade num contexto geral se desenvolve, a medicina evolui e no entanto temos a saúde das pessoas regredindo. Não teria como , no papel de nutricionista, deixar de falar (e me apavorar) com a mudança do perfil nutricional ao longo dos anos. Antigamente o que se ouvia eram doenças causadas pela carência de nutrientes, carência de energia. As suplementações começaram a acontecer e beneficiar todos neste sentido. No entanto, os problema nutricionais ,acompanhando a mudança de rotina e a nova sociedade que se desenvolvia drenaram para um outro sentido.
     Não precisamos ir longe ou procurar: a obesidade tomou conta de nossas ruas, das salas de aulas, dos escritórios e junto com ela, pessoas diabéticas, hipertensas com hipercolesterolemia. Consultórios lotados, aumento crescente da síndrome metabólica, mais e mais casos de infarto ou problemas cardíacos. Seria esse um sinal de desenvolvimento, evolução dos tempos? Na minha concepção estamos é sim, involuindo. Estudamos, estudamos e estudamos...isso nos gera um conhecimento incrível e incontestável. A internet está aí a disposição de todos com informações claras e acessíveis. Os programas de TV abordam frequentemente temas como estes, os postos de saúde contam já com grupos de apoio, nutricionistas e o governo investe cada vez mais em campanhas e o resultado de tudo isso???? Nada muda, só piora...
     Já faz alguns anos, que mesmo eu considerando toda a transição nutricional que ocorreu e ocorre, me questiono como, apesar de tanta informação, tanto alarde e tanto medo as pessoas não param de engordar...Não tenho a menor dúvida, obesidade é o mal da sociedade atual, uma epidemia que cresce mundialmente (especialmente em países desenvolvidos e em desenvolvimento) e que é por si só, a maior causa de morte evitável a nível mundial.
     Deixo aqui a minha constante dúvida: seria este um sinal de evolução dos tempos?

16 de agosto de 2010

O final do tratamento dos Transtornos Alimentares

     Como aqueles que seguem o blog e me conhecem já devem saber, transtornos alimentares se tornaram ,há alguns anos, minha especialidade e uma das preferências no atendimento clínico e é sobre isso, mais uma vez, o post dessa semana. Ainda pouco, atendia duas pacientes com transtornos, um diferente do outro mas a pergunta que sempre me é feita é quando será dada a alta  ao tratamento. Claro que essa decisão não cabe somente a mim, mas também a toda equipe responsável pelo tratamento e somente quando houver um consenso, assim será feito.
    Muito mais que parar de vomitar, emagrecer, ou no caso da anorexia, atingir e manter o peso mínimo estipulado, mudanças de hábitos e pensamentos destes pacientes devem ocorrer. Muitos profissionais precipitam-se na liberaçao do tratamento e desta forma, o que evidencia-se são altas taxas de casos recorrentes. Muito mais que aquilo que reflete na balança, estes pacientes e suas famílias devem estar saudáveis psicologicamente. Como inúmeras vezes já coloquei, alteraçao no peso seja para mais ou para menos, é somente reflexo de problemas psicológicos, perdas insuperadas, relações mal definidas e é quando todo este contexto estiver adequado, bem como as condutas pertinentes e a relação com o alimento saudável e assintomática é que o paciente poderá então ter sua alta.
     Não é possível definir o quanto de tempo que cada um levará para "livrar-se" do tratamento, isso vai muito da gravidade ao iniciar o tratamento, do grau de estruturação familiar, da organização desta, da entrega do paciente à terapia e também da confiança que este deposita na equipe que o trata. Sempre torcemos para que a recuperação seja rápida e para que os pacientes tenham o menor número de morbidades associadas, no entanto, as vezes,faz-se necessário o acompanhamento prolongado, podendo chegar a anos mas desta forma, com menores riscos de recorrência e com a garantia da reestruturação das condições clínicas e psicológicas do paciente. Assim como o tratamento é multidisciplinar, para que haja recuperação total do paciente é essencial que todos âmbitos haja progresso!


9 de agosto de 2010

Curso TRANSTORNOS ALIMENTARES E OBESIDADE Unisinos

Estão abertas as inscrições para o curso de Transtornos Alimentares e Obesidade na Unisinos, de 1 a 29/09/2010 para nutricionistas, psicólogos, médicos e outros profissionais da área da saúde. Serei uma das ministrastes e recomendo!
Inscrições e maiores informações em www.unisinos.br/extensao/saude
Aguardo vocês lá!

ARROZ COM FEIJÃO


      Não há prato mais famoso e difundido pelo Brasil que o feijão com arroz, nas suas mais diversas preparações. Não há uma pessoa que vá morar fora do Brasil e não volte com um desejo enorme de comer este prato. Embora a mistura seja conhecida em toda América Latina, somos o país do mundo que mais consome estes dois alimentos, em especial em dupla.O prato considerado o trivial básico da culinária tupiniquim, além de ser uma saborosa parceria, assegura um invejável arranjo de nutrientes. O arroz é rico em amido, sendo uma ótima fonte de energia. Além disso, arroz fornece ferro, vitaminas B e proteínas. Já o feijão é um dos vegetais mais ricos em proteína, a qual tem a sua absorção pelo organismo facilitada pelo amido contido no arroz. O feijão também é rico em ferro e outros minerais. 
 Outro ponto a favor da combinação arroz e feijão é que eles contém aminoácidos diferentes e foi em função disto, que passou-se a consumi-los juntos. O arroz é pobre no aminoácido lisina, que é encontrado em abundância no feijão. Já o aminoácido metionina é pobre no feijão, mas tem de sobra no arroz. Além disso, a dupla também equilibra o índice glicêmico. “Enquanto o arroz sozinho, principalmente o polido, pode disparar as taxas de açúcar e insulina na circulação, o feijão tem o poder de conter esse efeito, o que mantém a glicose estabilizada. A mistura é, portanto, bem-vinda para manter a glicemia em níveis adequados e diminuir o risco do diabete”.
     Experimente consumir os diversos tipos de arroz, como, arroz parbolizado, selvagem, malekizado, arbóreo e integral. Quanto ao feijão, você também pode consumir diferentes tipos: o preto, marrom, branco, fradinho, feijão-de-corda, etc. Mesmo para aqueles pacientes em dieta, é recomendado diariamente o consumo desta dupla seja no almoço ou no jantar. Segue abaixo, uma tabela de composição nutricional desta deliciosa mistura!
Eu diria que este é um dos bons motivos de ser brasileiro!




 


2 de agosto de 2010

CARBOIDRATOS: seriam os vilões?

     Queria poder contar quantos foram os pacientes que me apontaram o carboidrato como o vilão e o responsável por engordar ou emagrecer (quando eliminados). Para aqueles com menos conhecimentos em nutrição,carboidratos são um grupo de macronutrientes que inclui preferencialmente, massas, pães, arroz, bolachas, doces entre outros alimentos. É importante ressaltar, que quase nenhum alimento é fonte de somente um macronutriente. Costumamos classifica-los quanto ao macronutriente presente em maior quantidade, determinando se o alimento é então fonte de carboidrato, lípídio ou proteína. Só para constar, não é o carboidrato em si que engorda, ou o fato de misturá-los. O que engorda é quantidade que consumimos de cada um deles, em cada refeição, ao longo do dia, no final da semana.
    Só para constar, um grama de carboidrato, fornece cerca de 4 Kcal, o mesmo fornecido por 1 g de proteínas, no entanto, a proteína é de mais difícil digestão, promovendo por maior tempo a sensação de saciedade. Conforme já falamos aqui outras vezes, os carboidratos são os alimentos que nos fornecem mais rapidamente energia, sendo indispensáveis em nossa alimentação. Conforme recomendações, 45 a 65% das calorias diárias devem ser provenientes desta fonte de alimentos, sendo então, os alimentos que mais devemos consumir ao longo dos dias.
     Muito mais que o carboidrato em si, o que irá engordá-lo é a gordura ou o excesso de açúcar presente ou associado a estes alimentos. Não se intimide nem amedronte, você pode sim, misturar purê com arroz, ou massa com pão basta saber o quanto de cada você precisa e deve consumir. Carboidrato nunca foi nem deverá ser um verdadeiro vilão!!