16 de março de 2010

MUDANÇA NO PADRÃO ALIMENTAR

Faz tempo que penso em postar sobre este assunto, mas sempre ele acaba dando lugar aos modismos relacionados a alimentação ou as novidades com as quais me deparo nos mais diversos meio da mídia. Mas é justamente por trabalhar com transtornos alimentares que não posso deixar de falar sobre isso. Vale colocar que embora eu me refira mais ao Brasil, essa mudança não é exclusividade do nosso país mas uma tendência mundial.
Antigamente, por volta de 1550, os homens deveriam comer de acordo com a sua natureza, única e exclusivamente para suprir suas necessidades. No entanto, os cozinheiros franceses foram os responsáveis pela valorização do alimento nas suas mais diversas formas e preparações e consequentemente,foi a partir destes que além de ser visto como fonte de nutrientes os alimentos passaram a ser vistos como fonte de prazer. A imigração trouxe hábitos e uma culinária diferenciada. A indústria alimentícia na medida em que se desenvolvia foi permitindo o acesso a todo tipo de culinária, alimento ou produto e desta forma as transformações alimentares tornaram-se inevitáveis. Com um mundo globalizado e industrializado, os alimentos caseiros perderam seu lugar para enlatados, congelados e um consumo cada vez maior de produtos industrializados. A família não senta mais ao redor da mesma mesa para alimentar-se, as mães antigamente responsáveis pela preparação dos alimentos passaram a trabalhar e com isso mais e mais pessoas recorreram aos fast-foods. Este é o processo que chamamos de transição nutricional e com ele os efeitos visíveis na saúde e bem-estar dos indivíduos. As doenças nutricionais como escorbuto e desnutrição deram lugar a doenças nutricionais causadas por excesso. Cada vez mais se fala de obesidade, diabetes e hipertensão.Concominante a este aumento de peso global, a valorização intensa da magreza, não seria um tanto contraditório? É baseado nesta questão que costumo entender a ansiedade e consequente reflexo na alimentação (seja para mais ou para menos) dos pacientes que chegam ao meu consultório com algum tipo de transtorno alimentar. O mundo e o estilo de vida atual nos favorecem o ganho de peso e nós, como membros de uma sociedade, somos precionados a corresponder ao padrões de beleza. Como isso não provocaria sentimentos de culpa ou prazer reprimidos? É neste dois lados da moeda que muitos se perdem...

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